A história do chá preto é centenária. Descoberto na China em meados do século XVII, foi o primeiro a ser introduzido na Europa e no Oriente Médio. Feito de folhas e brotos da planta Camellia Sinensis, se transformou num sucesso comercial à época. Agora, um novo fato importante se agrega à narrativa sobre a bebida. Um estudo no Reino Unido apontou que ingerir duas ou mais xícaras por dia está associado a um menor risco de morte por todas as causas.
Publicada na revista “Annals of Internal Medicine”, a pesquisa acompanhou aproximadamente 500.000 homens e mulheres por uma média de 11,2 anos. Os participantes do Biobank do Reino Unido, que abriga informações genéticas e de saúde detalhadas, tinham idades entre 40 e 69 anos quando se inscreveram, entre os anos de 2006 e 2010.
À época, eles receberam exames físicos e forneceram amostras de sangue, urina e saliva. Dados sobre a dieta, estilo de vida, saúde, etnia e status socioeconômico também foram registrados. Além disso, foi preenchido um questionário básico sobre os hábitos de consumo da bebida – quantas xícaras de chá os integrantes da investigação bebiam em média por dia e se o ingeriam muito quente, quente ou morno.
Resultados
Quase 85% dos participantes relataram beber chá e, destes, 89% deles consumiam o chá preto. A maioria dos que bebiam chá relataram ingerir entre duas e cinco xícaras por dia, 19% deles mais de seis xícaras diariamente. Os pesquisadores descobriram que o risco de mortalidade por todas as causas diminuiu cerca de 12% à medida que a ingestão de chá aumentou para três xícaras por dia.
Hábito recorrente no Reino Unido, o acréscimo de leite foi anotado, mas não interferiu nos resultados. Assim como a adição de açúcar e a temperatura do chá.
De acordo com Maki Inoue, epidemiologista do Instituto Nacional do Câncer dos EUA e principal autor do estudo, existem vários mecanismos possíveis para explicar tais benefícios. “O chá é rico em compostos bioativos… Ele tem o potencial de diminuir o estresse oxidante e a inflamação. Isso pode proteger contra problemas de saúde como câncer e doenças cardíacas”, garantiu ele em entrevista à CNN.
Benefícios
Bebida mais consumida em todo o mundo depois da água, o chá preto é carregado de polifenóis, antioxidantes que protegem as células humanas dos danos dos radicais livres. Ele também tem sido associado a um melhor estado de alerta mental, menor risco de câncer de ovário e uma possível diminuição da probabilidade de desenvolver doença de Parkinson, diabetes e doenças cardíacas.
Por ser uma das poucas pesquisas sobre o tema, especialistas ainda não recomendam uma mudança na dieta ou a adição do chá preto em demasia à rotina diária. “Nossas descobertas podem tranquilizar as pessoas que já bebem chá todos os dias, mas não recomendamos tomar decisões a respeito de começar a beber o chá ou mudar o quanto estão bebendo agora”, disse Inoue-Choi.
Como preparar
De toda forma, um chá quentinho traz conforto e, como dizem os antigos, cura a alma. Para melhor desfrutá-lo, o ideal é que a bebida seja preparada da forma correta. Portanto, mãos à obra! Use uma colher de chá das folhas da Camellia sinensis por xícara de água quente. A água deve estar quase fervendo (90ºC). Coloque as folhas na água quente e as deixe em infusão por 2 a 3 minutos, não menos que isso. Coe e beba puro ou adicione leite, açúcar ou limão, de acordo com sua preferência. A infusão pode ser fria também. Se essa for a opção, deixe a mesma proporção de folhas na água de 10 a 18 horas na geladeira e, só depois, coe.
Vale lembrar que o chá preto, branco, verde e oolong são derivados da mesma Camellia sinensis. O que os diferencia é como as folhas e brotos são tratados após a colheita – no caso do chá preto, as folhas da planta passam por um processo de oxidação ao serem expostas ao ar para secar. Essa etapa confere à bebida um sabor mais “terroso” e encorpado. Esta é também a versão com mais alto índice de cafeína entre as variedades.
