Aprovada no ano passado para o tratamento da obesidade ou sobrepeso pelo FDA (Food and Drug Administration) – agência reguladora ligada ao departamento de saúde do governo dos EUA – a semaglutida também funciona para adolescentes e traz melhorias na qualidade de vida relacionadas ao peso, além de maior saúde cardiovascular. Esta é a conclusão de um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh feito com 201 voluntários com idades entre 12 e 18 anos. 

“Os resultados são surpreendentes”, disse  o autor sênior do estudo, Silva Arslanian, MD, professor de pediatria e ciências clínicas e translacionais. Segundo o site Science Daily, durante a investigação, adolescentes com obesidade que receberam a semaglutida tiveram uma diminuição de 16,1% em seu índice de massa corporal (IMC). Já os que tomaram placebo tiveram o IMC aumentado em 0,6%.

Os resultados da pesquisa foram divulgados durante a Obesity Week 2022, maior conferência mundial dedicada ao assunto, que aconteceu em San Diego, na Califórnia, e publicados no “New England Journal of Medicine”

Foram 68 semanas de investigação. Os participantes tinham uma média de peso de 107,5 Kg e IMC 37 Kg/M². Eles receberam injeções subcutâneas de semaglutida 2,4 mg ou placebo uma vez por semana. Todos receberam aconselhamento sobre nutrição saudável e atividade física ao longo do estudo. 

Após este período, 72,5% dos voluntários que receberam a semaglutida alcançaram pelo menos 5% de perda de peso em comparação com apenas 17% daqueles que tomaram placebo.

Vendida sob o nome comercial de Ozempic®, na forma de injeções subcutâneas semanais, ou Rybelsus®, na forma de comprimidos para administração diária, a medicação originalmente fora destinada ao tratamento da diabetes tipo 2. Com bons resultados na perda de peso, foi aprovada também para o controle do peso nos EUA, sob o nome de Wegovy®.

A semaglutida atua no organismo imitando o GLP-1, hormônio fisiológico produzido naturalmente pelo intestino que tem múltiplas ações na regulação do apetite e da glicose, bem como no sistema cardiovascular. 

No Brasil, a medicação está aprovada pela Anvisa apenas para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 2 e é comercializada com o nome de Ozempic®. Único tratamento para obesidade adolescentes no Brasil foi aprovado em 2020 e é a base de liraglutida, comercializada com o nome de Saxenda.

Melhora cardiovascular

A análise de Pittsburgh também mostrou que os participantes do grupo que ingeriu a semaglutida tiveram melhorias nos fatores de risco cardiovascular, incluindo circunferência da cintura, colesterol total, lipoproteína de baixa densidade e muito baixa densidade, triglicerídeos e enzimas hepáticas em comparação com o grupo placebo. 

No entanto, não houve diferença estatisticamente significativa na pressão arterial ou colesterol de lipoproteína de alta densidade entre os dois grupos.

Os participantes que tomaram semaglutida também tiveram melhores medidas de qualidade de vida relacionadas ao peso, principalmente em relação ao conforto físico, em comparação aos demais. Os pesquisadores observam que este é o primeiro medicamento para obesidade a ser associado a essas melhorias na qualidade de vida dos adolescentes.