Basta uma rápida pesquisa no Google para confundir mais que esclarecer: Qual a quantidade de água diária necessária para uma pessoa se manter hidratada? Oito copos por dia, diz um portal. Dois litros e meio (o que corresponde a 12,5 copos), aponta outro. E assim seguimos por outros tantos sites. Mas o certo é que não há uma verdade absoluta e as necessidades variam de pessoa para pessoa. E de lugar para lugar.
É o que aponta pesquisa divulgada recentemente na prestigiada revista “Science”. A investigação foi realizada com dados de mais de 5,6 mil participantes de 26 países (o Brasil não está entre eles), com idades entre 8 dias e 96 anos. De acordo com os pesquisadores norte-americanos, asiáticos e europeus, o volume necessário para a execução das funções corporais é individual e depende do metabolismo de cada pessoa. Para se ter uma ideia, as médias diárias encontradas variaram entre 1 e 6 litros por dia. Em alguns casos, os cientistas registraram até 10 litros de consumo diário.
Mas por que esta discussão, volta e meia, ressurge? Porque a hidratação correta é fundamental para a saúde do nosso corpo. Ela é importante para o bem-estar renal, do coração e até das articulações. Ajuda na manutenção do peso, da temperatura corporal e até mesmo do humor, acredite! Além disso, a saúde da pele e o sistema imunológico também agradecem a ingestão necessária de líquidos diários.
Segundo especialistas, o corpo usa e perde água diariamente e, por isso, é essencial repor ao longo do dia, já que a desidratação é um problema grave que pode levar à morte. A água é perdida durante os processos corporais normais, como urinar, evacuar, transpirar e até respirar. E a recomendação é se hidratar regularmente ao longo do dia, em vez de numa única vez ou se recuperar apenas no final do dia.
O estudo
Voltando ao tema inicial desta reportagem, em entrevista à publicação científica norte-americana, um dos autores da pesquisa, Dale Schoeller, professor da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, explicou sobre a quantidade ideal de água: “Não existe uma média. Muitas coisas estão relacionadas às diferenças na ingestão e na eliminação de água do organismo”, conta ele, que ressalta ainda que o recente trabalho é o melhor já realizado em torno do assunto. De acordo com Schoeller, estudos anteriores foram elaborados com base no autorrelato dos participantes ou na observação de um número muito pequeno de voluntários, não sendo representativos da maioria das pessoas.
Desta vez, os mais de 90 pesquisadores que participaram do estudo – liderado por Yosuke Yamada, chefe do Instituto Nacional de Inovação Biomédica, Saúde e Nutrição no Japão – mediram objetivamente o tempo que a água levou para se mover pelo organismo dos participantes. Os voluntários tomaram uma quantidade determinada da chamada “água rotulada”, que contém isótopos de hidrogênio e oxigênio rastreáveis. Isótopos são átomos de um único elemento que têm pesos atômicos ligeiramente diferentes, fazendo com que os cientistas conseguissem distingui-los em uma amostra.
Homens x Mulheres
John Speakman, professor de zoologia da Universidade de Aberdeen, na Escócia, coliderou o estudo e conta que foram coletados e analisados os dados dos participantes comparando fatores ambientais – como temperatura, umidade e altitude das cidades onde viviam os voluntários – com volume de água medido, gasto de energia, massa corporal, sexo, idade e grau de atividade física.
Todos os fatores iguais, homens e mulheres diferem em cerca de meio litro de volume de água. Como uma espécie de linha de base, as descobertas do estudo apontam que um homem não atleta (mas que pratique atividade física) de 20 anos, pesa 70 kg , vive ao nível do mar em um país bem desenvolvido em um ar médio temperatura de 10 graus C e uma umidade relativa de 50%, absorveria e perderia cerca de 3,2 litros de água todos os dias. Uma mulher da mesma idade e nível de atividade, pesando 60 kg e morando no mesmo local, consumiria 2,7 litros.
Equilíbrio
Vale dizer que a resposta à pergunta que abre este texto é o equilíbrio, pois a chamada hiper-hidratação pode ser tão perigosa quanto a desidratação. Beber muita água de uma só vez pode causar níveis de sódio diluídos no corpo, uma condição chamada hiponatremia. Ela é causada quando ingerimos mais água do que nossos rins são capazes de processar em um determinado período de tempo. Esse desequilíbrio pode levar a edema cerebral (inchaço no cérebro), nos casos mais extremos, e confusão, náusea e dor de cabeça nos casos mais leves.
Autora de várias pesquisas sobre água e metabolismo corporal, Tamara Hew-Butler defende que é necessário beber água se o indivíduo sente esta necessidade. “Se você está com sede, você precisa tomar água. Mas se não estiver, não precisa. O cérebro tem sensores que identificam a necessidade de reposição hídrica. Dizer que todo mundo precisa de oito copos por dia para ser saudável é como dizer que todo mundo precisa ingerir uma dieta de 2.000 calorias”, afirma.
Segundo a pesquisadora, que pertence à Universidade Estadual Wayne, o líquido perdido diariamente precisa ser reposto, mas não necessariamente com copos de água. “Quase tudo que você bebe ou come contém água, o que compensa essa perda diária. Café, chá, sopa, frutas, legumes – tudo isso conta”, afirma.
Portanto, deixar de obter hidratação adequada diariamente pode ser prejudicial para quase todos os aspectos da sua saúde, enquanto a desidratação mais grave é uma emergência médica que requer cuidados imediatos. E a melhor maneira de determinar se você está recebendo líquido suficiente é dar uma olhada na sua urina. Se ela estiver amarela clarinha, provavelmente a hidratação está adequada. Mas a urina escura indica que você precisa aumentar a ingestão de líquidos.
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