A descoberta dos antibióticos revolucionou a medicina. A mortalidade por pneumonia, antes disso, ocorria em quase metade dos casos. Décadas se passaram e a humanidade não só se beneficiou da evolução desses medicamentos como, por outro lado, passou a abusar deles. E os prejuízos para saúde desse uso desenfreado tornaram-se, ironicamente, um problema de saúde pública.
Nos últimos anos tornou-se comum ouvir falar em superbactérias. Como processo evolutivo da espécie, são patógenos que se tornaram resistentes aos antibióticos por conta de seu uso indiscriminado.
Durante a pandemia, no consultório tem acontecido muito de pessoas usarem, por exemplo, azitromicina por medo de contrair o coronavírus, por medo de morrer, muitas vezes assustadas com aquela contagem diária de mortes e infectados nos telejornais. Não se deve fazer isso.
Além do problema coletivo, esses medicamentos também provocam danos ao organismo. Motivo pelo qual deve haver critério médico rigoroso ao ministrá-los. E mais importante, as pessoas devem evitar ao máximo tomar remédios como os antibióticos sem prescrição de um profissional de saúde habilitado.
Um efeito colateral imediato do uso de antibióticos é provocar o desequilíbrio da flora intestinal, onde estão trilhões de bactérias e a segunda maior concentração de neuronios do organismo, depois do cérebro.
Estudo de Jernberg (2007) demonstrou que indivíduos tratados com antibióticos por uma semana tiveram efeitos na microbiota intestinal, como perda da diversidade bacteriana e aumento da resistência aos antibióticos por seis meses até dois anos após o tratamento.
Esse fenômeno é chamado de “disbiose”, definido como desequilíbrio entre as bactérias boas e ruins residentes no intestino).
O que se vê muito hoje em dia é: espirrou, tomou amoxicilina. Isso está errado. Não só para antibióticos, esse comportamento tem ocorrido de forma generalizada para qualquer mal-estar. As pessoas começam a usar muitos medicamentos sem necessidade. Tem uma dorzinha de cabeça, toma dipirona. Mas qual é causa daquela dor de cabeça? Você simplesmente não descobre.
É preciso combater extremismos. Se o paciente está com alguma infecção, garganta cheia de placa ou com pneumonia, tem que tomar antibiótico. Isso é fato. E neste caso, é importante cuidar dos efeitos colaterais que eles trazem para o seu organismo, especialmente para o intestino.
Importância de cuidar da microbiota durante o tratamento
Então, está claro que o uso prolongado e indiscriminado de antibióticos pode interferir na flora intestinal, provocando um desequilíbrio entre as bactérias boas e ruins do órgão, a chamada disbiose.
Por esse motivo, toda vez que uma pessoa usa antibiótico, o ideal é modular também sua flora bacteriana. Diversos estudos demonstram que linhagens de bactérias probióticas podem afetar de maneira positiva a microbiota intestinal desequilibrada pela antibioticoterapia.
Os probióticos podem agir contra as bactérias patogênicas de diversas formas, como competição por nutrientes e por locais de fixação no intestino, produção de substâncias antimicrobianas e estimulação do sistema imune (AGAMENNONE, 2018).
O ideal é buscar uma suplementação, disponível em farmácias. Esses suplementos podem ser encontrados em formatos variados: cápsulas, líquidos ou sachês.
Mas antes, entre em contato com o seu médico para saber sua real necessidade.
Importante ressaltar também que esse reequilíbrio da microbiota pode ser alcançado através de uma alimentação rica em fibras.
Um pouco mais sobre microbiota intestinal
A flora intestinal, também conhecida como microbiota intestinal, é um conjunto de bactérias que vive e se desenvolve no intestino, sendo conhecida como microbiota residente.
Embora sejam bactérias, esses microorganismos são bons para o corpo, pois evoluíram ao longo de milhares de anos para criar uma relação benéfica com o intestino.
O intestino fornece toda a matéria e nutrientes necessários para o crescimento e reprodução das bactérias, enquanto as bactérias auxiliam na digestão dos alimentos, ao mesmo tempo que criam um ambiente intestinal que não permite o desenvolvimento de bactérias ruins que poderiam causar doenças.
Principais causas do desequilíbrio da microbiota incluem:
- Uso constante de antibióticos: pois eliminam tanto as bactérias ruins como as boas do organismo;
- Uso frequente de laxantes: o funcionamento exagerado do intestino causa a eliminação de bactérias boas;
- Dieta rica em açúcar e produtos industrializados: facilitam o desenvolvimento das bactérias ruins;
- Baixo consumo de fibras: são o principal alimento das bactérias boas e, por isso, quando estão em baixa quantidade prejudicam seu desenvolvimento.
Quando a flora intestinal está muito afetada é comum o surgimento de sintomas relacionados com o mau funcionamento do intestino como excesso de gases intestinais, diarreia ou até prisão de ventre frequente.
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