
Um cochilo rápido durante a tarde pode ser uma excelente estratégia para melhorar o estado de alerta, aumentar a produtividade e até fortalecer a memória, mas é preciso seguir algumas orientações para evitar efeitos negativos no sono noturno. É o que afirma Talar Moukhtarian, professora de Saúde Mental da Escola de Medicina Warwick, em artigo publicado no The Conversation.
Estudo conduzido por ela revela que os cochilos têm um impacto duplo no organismo. Feitos corretamente, eles podem proporcionar uma sensação de revigoramento, melhorar o foco e até beneficiar a saúde mental e física. No entanto, se não forem tomados com cuidado, podem ter o efeito contrário, deixando a pessoa grogue e dificultando o sono à noite.
O estudo explica que, entre 13h e 16h, o corpo humano naturalmente experimenta uma queda no nível de alerta, em parte devido ao ritmo circadiano — o relógio biológico interno. É justamente nesse período que muitas pessoas sentem a necessidade de descansar. A boa notícia é que, segundo os especialistas, um cochilo breve nesse horário pode ajudar a neutralizar a fadiga e aumentar a concentração.
No entanto, o tempo é um fator crucial. Cochilos que duram mais de 30 minutos podem levar a pessoa a adentrar em estágios mais profundos do sono, como o sono de ondas lentas, o que pode resultar na chamada “inércia do sono”. Esse estado de desorientação e cansaço pode durar até uma hora após o despertar, comprometendo o desempenho em atividades que exigem atenção e foco.
Cuidados ao cochilar
A chave para um cochilo eficaz, de acordo com o artigo, está em mantê-lo curto e no horário certo. O ideal é que a soneca tenha entre 10 e 20 minutos e seja feita antes das 14h. Cochilar muito tarde pode atrapalhar o ritmo natural de sono, dificultando o descanso à noite.
Além disso, o ambiente em que o cochilo é feito também desempenha um papel importante. Manter o local fresco, escuro e silencioso cria as condições ideais para um bom descanso. Para quem tem dificuldade em controlar a luminosidade ou o barulho, o uso de máscaras para os olhos e fones de ouvido com cancelamento de ruído pode ser uma boa solução.
O artigo também destaca que os cochilos podem ser particularmente benéficos para trabalhadores em turnos ou pessoas com horários irregulares, como pais de crianças pequenas. Para esses grupos, uma soneca estratégica pode ajudar a acumular horas de sono perdidas.
Profissionais de áreas de alto foco, como médicos e pilotos, podem se beneficiar de cochilos planejados para manter o estado de alerta e reduzir erros relacionados à fadiga. A pesquisa também menciona que a NASA comprovou que um cochilo de apenas 26 minutos pode melhorar o desempenho de equipes em voos de longa distância.
Cochilos não são para todos
Apesar dos benefícios, nem todos devem recorrer aos cochilos. A pesquisa sugere que pessoas com insônia crônica devem evitá-los, pois o sono diurno pode prejudicar o sono noturno. Além disso, o impacto de um cochilo depende de fatores como idade e estilo de vida, sendo importante experimentar e observar os efeitos para ver como o corpo responde.
Entenda o que é ritmo circadiano
O ritmo circadiano é o ciclo biológico de aproximadamente 24 horas que regula diversos processos no corpo humano, como o sono, a vigília, a temperatura corporal, a liberação de hormônios e outras funções fisiológicas. Esse ciclo é controlado por um “relógio biológico” interno, que está localizado no cérebro, mais especificamente no núcleo supraquiasmático (NSQ), uma pequena região do hipotálamo.
Esse ritmo é influenciado por fatores externos, como a luz natural, que ajuda a sincronizar o relógio biológico com o ambiente. Quando a luz diminui (como no período da noite), o corpo começa a produzir melatonina, um hormônio que promove o sono, fazendo com que sintamos sono à noite e acordemos com mais facilidade durante o dia.
Em resumo, o ritmo circadiano é essencial para a nossa saúde, pois nos ajuda a regular o ciclo natural de sono e vigília, além de influenciar diversos outros aspectos da nossa fisiologia. Quando esse ciclo é desregulado — por exemplo, devido a mudanças frequentes no horário de sono, trabalho em turnos ou exposição excessiva a luz artificial à noite — pode levar a problemas como insônia, fadiga, diminuição do desempenho cognitivo e outros distúrbios.
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