A menopausa, que geralmente chega por volta dos 50 anos, traz consigo uma série de transformações hormonais que afetam a saúde física e emocional das mulheres. No entanto, a prática regular de atividade física pode ajudar a suavizar muitos dos impactos dessas mudanças, funcionando como um “amortecedor” para os desafios da perimenopausa e além. De acordo com especialistas, este é o momento ideal para adotar um estilo de vida mais ativo e focado na saúde.
A fisiologista do exercício Alyssa Olenick, especialista em metabolismo e menopausa, explicou em entrevista ao The New York Times que o exercício é uma ferramenta poderosa para aumentar a resiliência do corpo durante a transição hormonal da perimenopausa. Nessa fase, que pode durar de quatro a oito anos, os ovários começam a reduzir a produção de estrogênio e outros hormônios reprodutivos, o que pode afetar vários aspectos da saúde. Após esse período, a queda no estrogênio se acentua ainda mais.
O impacto da queda nos níveis de estrogênio
O estrogênio desempenha um papel fundamental na saúde da mulher, especialmente na preservação da massa muscular, proteção do coração, saúde óssea e regulação do metabolismo. Com a diminuição dos níveis de estrogênio, o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e osteoporose aumenta. A perda de densidade óssea, por exemplo, deixa as mulheres mais vulneráveis a fraturas e problemas relacionados à saúde óssea.
É nesse contexto que a atividade física se mostra crucial. Embora durante muito tempo poucos conselhos de fitness tenham sido direcionados a mulheres na faixa etária da menopausa, pesquisas recentes têm mostrado que o exercício pode ajudar a minimizar esses efeitos negativos e melhorar a qualidade de vida durante e após a transição para a menopausa. A endocrinologista reprodutiva Carla DiGirolamo, especializada em menopausa, recomenda: “Se houver um momento para começar a se exercitar, é agora, durante a menopausa. Pode ser um divisor de águas”.
A importância da massa muscular
Durante a menopausa, um dos aspectos mais importantes para a saúde feminina é a manutenção da massa muscular. Ao The New York Times, a professora Abbie Smith-Ryan, da Universidade da Carolina do Norte, explica que manter a massa muscular pode ajudar a mitigar sintomas comuns da menopausa, como ondas de calor, distúrbios do sono e outros sintomas que afetam a qualidade de vida das mulheres nessa fase.
A prática regular de exercícios de força, como musculação, pilates ou treinamento funcional, é uma forma eficaz de combater a perda muscular associada ao envelhecimento e à queda nos níveis de estrogênio. Além de fortalecer os músculos, esses exercícios também ajudam a melhorar a função metabólica, equilibrar o colesterol e controlar os níveis de glicose, fatores essenciais para a saúde cardiovascular.
Pesquisa reforça benefícios do exercício na menopausa
Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual da Bahia (Uesb), no projeto “Envelhecimento e Menopausa: Efeitos do Exercício Físico na Saúde da Mulher”, explora como o exercício pode influenciar a saúde das mulheres entre 50 e 69 anos. Coordenado pela professora Iane de Paiva Novaes, o estudo investiga o impacto de diferentes modalidades de exercício — como pilates, dança, musculação e treinamento funcional — nas mulheres durante e após a menopausa.
De acordo com Maisa Santana, 64 anos, participante do projeto, os benefícios do exercício têm sido evidentes em sua rotina. Ela afirma que, após três anos de participação, experimentou uma grande melhora na mobilidade, disposição e condicionamento físico, além de um impacto positivo em seu bem-estar geral. “Sempre fui uma pessoa de valorizar o movimento. O exercício físico é tudo de bom para a mulher, principalmente nesta fase da vida”, diz Maisa.
Além de analisar os efeitos de cada modalidade, a pesquisa também compara a resposta ao exercício entre mulheres em diferentes estágios da menopausa. Isso permite entender melhor como o corpo de mulheres em fases iniciais da pós-menopausa reage a diferentes tipos de exercícios em comparação com aquelas que estão na fase mais avançada.
Atividade física melhora saúde mental
Outro benefício importante do exercício físico na menopausa é o impacto positivo na saúde mental. A diminuição dos níveis hormonais pode levar a alterações no humor, ansiedade, depressão e problemas de sono. A prática regular de exercícios, no entanto, ajuda a liberar endorfinas, hormônios que promovem a sensação de bem-estar, aliviando o estresse e melhorando o estado emocional das mulheres.
No estudo da Uesb, os pesquisadores também observam como diferentes mulheres, incluindo aquelas com níveis variados de estresse ou hipertensão, respondem ao exercício. Esse tipo de análise contribui para um entendimento mais aprofundado dos benefícios do exercício para a saúde mental e emocional das mulheres na menopausa.
Não perca mais tempo: a hora de começar é agora
A menopausa é uma fase de grandes mudanças, mas também é uma oportunidade para as mulheres adotarem hábitos que promovam a saúde a longo prazo. A atividade física regular não só ajuda a combater os efeitos negativos da diminuição hormonal, mas também melhora a saúde cardiovascular, preserva a massa muscular e óssea, e tem efeitos positivos sobre a saúde mental.
Como afirmou a especialista Carla DiGirolamo, a menopausa é um momento crucial para começar a se exercitar, pois pode ter um impacto significativo na qualidade de vida durante e após essa fase. Ao investir em sua saúde física e mental por meio do exercício, você pode atravessar essa fase de transição com mais bem-estar e qualidade de vida.
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