Um protocolo de treinamento físico de 16 semanas, que combina musculação e exercício aeróbico, promoveu melhorias significativas no metabolismo de pacientes obesos e com diabetes tipo 2. Os resultados foram apresentados em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio da Fapesp, intitulado “Moderate-intensity Combined Training Induces Lipidomic Changes in Individuals With Obesity and Type 2 Diabetes”, publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism em setembro deste ano.
Todos os grupos participantes, independentemente do estado de peso, mostraram melhorias na composição corporal após o programa de treinamento. Observou-se uma redução na massa gorda e um aumento na massa muscular, além de diminuições nas circunferências corporais, indicadores importantes de saúde metabólica.
Os pesquisadores afirmam que, além de reduzir a circunferência abdominal e aumentar a força e a massa magra, o protocolo de treinamento, mesmo sem o controle da alimentação, contribuiu para a reversão do envelhecimento precoce das células imunes e das alterações no metabolismo lipídico. Isso posiciona o treinamento como uma opção não farmacológica para fatores fortemente ligados ao desenvolvimento de doenças crônicas. Esses resultados são significativos e ressaltam o papel essencial do músculo como órgão endócrino.
Uma das principais consequências da obesidade é o desequilíbrio do metabolismo. A condição provoca uma inflamação crônica de baixo grau, que mantém o sistema imunológico em constante alerta, resultando no envelhecimento precoce das células imunes, conhecido como imunossenescência precoce. Essa condição aumenta a suscetibilidade a doenças infecciosas e crônicas, como diabetes, aterosclerose e outras doenças cardiovasculares. Nesse contexto, a pesquisa também destaca os efeitos do protocolo de exercícios combinados na reversão do envelhecimento precoce das células.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores conduziram um estudo com participantes de meia-idade, divididos em três grupos: peso normal, obesidade e diabetes tipo 2. Inicialmente, 491 indivíduos foram avaliados, mas apenas 167 foram incluídos após atenderem aos critérios de inclusão, que exigiam um estilo de vida sedentário e ausência de comorbidades significativas.
Os voluntários participaram de um programa de treinamento combinado, que incluía exercícios aeróbicos e de resistência, realizado três vezes por semana durante 16 semanas. Avaliações de composição corporal, força muscular e condicionamento cardiorrespiratório foram realizadas antes e após a intervenção.
“Com este estudo, a comunidade científica avança na busca por intervenções eficazes, reforçando que o exercício físico deve ser parte fundamental de qualquer estratégia de tratamento para indivíduos com obesidade e diabetes tipo 2”, afirmam os autores.
A pesquisa também concluiu que o consumo máximo de oxigênio (VO2max) – um marcador crucial da capacidade cardiorrespiratória – aumentou significativamente em todos os grupos. Isso indica que os exercícios não apenas melhoraram a condição física dos participantes, mas também podem ter contribuído para uma melhor oxigenação e eficiência do sistema cardiovascular.
Outro achado importante foi a redução nos níveis de resistência à insulina, um fator central no desenvolvimento do diabetes tipo 2. Os pesquisadores destacam que “a prática regular de exercícios pode ter um efeito direto sobre o metabolismo lipídico”, ajudando a reverter ou prevenir complicações associadas à obesidade e ao diabetes tipo 2.
Os pesquisadores enfatizam que esses resultados corroboram a ideia de que intervenções baseadas em exercícios físicos devem ser parte essencial do tratamento e prevenção dessas condições, promovendo não apenas a saúde física, mas também uma melhoria na qualidade de vida dos indivíduos afetados.
Saiba mais sobre o Protocolo de Treinamento Combinado (CT)
O protocolo de treino integrado é uma abordagem que combina diferentes modalidades e tipos de exercícios, visando trabalhar diversas capacidades físicas e habilidades de forma simultânea. Esse método integra força, resistência, flexibilidade, agilidade e coordenação em um único programa de treino. Na pesquisa descrita, acima, os cientistas adotaram o seguinte protocolo.
Duração: 16 Semanas
Frequência: 3 vezes por semana (Segundas, Quartas e Sextas)
Etapa 1: Treinamento de Resistência (S1)
Exercícios Realizados:
- Leg Press
- Extensão de Pernas
- Flexão de Pernas
- Bench Press
- Lat Pulldown
- Rosca Direta com Barra EZ
- Pulley de Tríceps
- Shoulder Press na Máquina Smith
- Calf Press
- Crunches Abdominais
Estrutura do Treinamento:
- 3 séries de 12 repetições submáximas
- 1 minuto de descanso entre as séries
Atividade Aeróbica (AT)
Duração: 35 minutos
Modalidades: Esteira ou Cicloergômetro
Intensidades: Variadas (Monitoradas por frequência cardíaca)
Etapa 2: Treinamento de Resistência (S2)
Exercícios: Mesmos da Etapa 1
Repetições: 10 repetições submáximas
Descanso: 1 minuto entre as séries
Monitoramento de Intensidade
Reavaliação: Após a semana 8, novos testes de VO2max foram realizados.
Ajustes: Zonas de intensidade foram revisadas, e a intensidade foi monitorada através de medições de frequência cardíaca.
Benefícios Esperados:
- Melhora da composição corporal
- Aumento da força muscular
- Aumento da capacidade cardiorrespiratória
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