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Semaglutida e liraglutida: entenda a diferença entre as injeções que emagrecem

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A liraglutida tem dose diária, e a semaglutida é usada semanalmente, com a vantagem de o paciente não precisar tomar uma picadinha da agulha todos os dias. Os efeitos e o modo de aplicação são semelhantes – maior saciedade e ação no controle da glicemia no organismo.

O primeiro tem o nome fantasia de Saxenda e foi lançado no mercado brasileiro para o tratamento da obesidade em 2016 – cinco anos após o seu precursor, o Victoza, que tem a mesma substância, ter sido aprovado para tratar o diabetes e começar a ser usado de forma off label para ajudar as pessoas a emagrecer.

Já o outro é vendido com o nome de Ozempic, ainda sem aprovação no mercado brasileiro específica para tratar o excesso de peso. Porém, com pesquisa recente indicando eficácia nesse quesito, com estudos mostrando a perda de até 15% do peso corporal em um ano de tratamento – acompanhado de reeducação alimentar e exercícios físicos. A pesquisa foi publicada em fevereiro no periódico cientifico The New England Journal of Medicine. 

Tanto a liraglutida como a semaglutida foram desenvolvidas inicialmente para tratar o diabetes pelo laboratório Novo Nordisk. Esses medicamentos são fármacos sintéticos cujo principal objetivo é aumentar as ações do GLP-1 (glucagon-like peptide-1), hormônio que aumenta a secreção de insulina.

Por este motivo eles são chamados de agonistas dos receptores de GLP-1 (GLP-1RA). O GLP-1 tem ação sobre mecanismos como apetite, saciedade e adiposidade. Além disso, o hormônio também pode ter efeitos benéficos no sistema cardiovascular. 

Em pacientes com diabetes, o resultado disso é o controle do metabolismo da glicose, assim como da secreção de insulina pelo pâncreas. Dessa forma, é comum que os pacientes com diabetes medicados com os GLP-1RA tenham perda de peso significativa no início do tratamento

Off label

No entanto, é importante ressaltar que a semaglutida não tem aprovação das autoridades de saúde brasileiras para o tratamento da obesidade, embora venha sendo prescrito por muitos médicos de forma off label, ou seja, fora da bula, pois, na prática, ele demonstrou eficácia para emagrecimento.

Diretor do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, Mário Carra ressalta que, antes de tudo, a consulta a um profissional de saúde é importante porque nem todos os pacientes respondem da mesma forma.

Estudo comparou eficácia entre os dois medicamentos

Em um estudo duplo-cego randomizado de fase II, 957 adultos de sete países, sem Diabetes, e um IMC igual ou superior a 30 kg/m2 foram designados para 3 grupos, sendo um de tratamento com semaglutida, outro grupo com liraglutida ou um terceiro grupo placebo. Injeções subcutâneas foram dadas diariamente por 52 semanas. 

A dose inicial de semaglutida foi de 0,05 mg/dia e aumentou a cada quatro semanas para uma dose alvo de 0,05 mg, 0,1 mg, 0,2 mg, 0,3 mg ou 0,4 mg. A dose inicial de Liraglutida foi de 0,6 mg/dia e aumentou semanalmente para dose-alvo de 3 mg/dia. Os participantes receberam limites específicos de ingestão calórica e avaliados a cada quatro semanas para a adesão. Os exames de laboratórios também foram realizados aproximadamente a cada 12 semanas.

Este estudo usou mudanças nas porcentagens de peso corporal para determinar a eficácia. Os dados foram coletados usando o princípio da intenção de tratar e um modelo ANCOVA foi usado para analisar os dados. Os resultados mostraram que todos os grupos de tratamentos tiveram maiores percentagens de redução de peso do que o placebo.

Grupos de semaglutida com doses superiores a 0,1 mg tiveram significativamente mais perda de peso no final de 52 semanas em comparação com o grupo de liraglutida. A perda de peso de 5%, 10%, 15% ou 20% da linha de base foi dependente da dose. Receber 0,05-0,4 mg por dia de semaglutida teve uma perda de peso de 5% ou mais em 54-83% dos participantes. 23% dos participantes que receberam placebo tiveram 5% de redução de peso e 66% dos participantes de liraglutida tiveram uma redução de peso de 5%. 

Houve 19-65% dos participantes semaglutida que perderam 10% ou mais de peso corporal em comparação com 34% dos participantes de liraglutida e 10% dos membros do grupo placebo. A perda de peso média estimada foi de -2,3% para o grupo placebo versus -6,0% (0,05 mg), -8,6% (0,1 mg), -11,6% (0,2 mg), -11,2% (0,3 mg) e -13,8% (0,4 mg) para os grupos Semaglutida. Todas as perdas de peso nos grupos de Semaglutida versus placebo foram significativas (p≤0.0010). As reduções médias do peso corporal de 0,2 mg ou mais de Semaglutida versus Liraglutida foram todas significativas.

Os eventos adversos foram mais frequentes entre os participantes semaglutida e foi dose-dependente. Noventa por cento dos participantes semaglutida que receberam a dose mais baixa de 0,05 mg por dia tiveram mais de um evento adverso em comparação com 96% daqueles que receberam semaglutida 0,4 mg por dia. 

Os eventos adversos mais comuns foram náusea, diarréia, constipação, nasofaringite, vômitos, diminuição do apetite, dor de cabeça e eliminação de gases estomacais (arrotos). Oitenta e oito por cento do grupo de liraglutida apresentou mais de um evento adverso em comparação com 79% do grupo placebo. Além disso, não houve episódios hipoglicêmicos graves em nenhum dos grupos de tratamento. (Veja referências no fim deste texto)

Pontos relevantes do estudo

  • Semaglutida promove a redução de peso em indivíduos que têm obesidade.
  • Doses mais elevadas de semaglutida produziram mais redução de peso, no entanto, os eventos adversos também aumentaram com o aumento da dose.
  • Os efeitos adversos da liraglutida e da semaglutida foram semelhantes e incluíram principalmente eventos relacionados com gastrointestinais.

Como os medicamentos para diabetes ocuparam espaço dos anorexígenos

O uso dos medicamentos para diabetes no tratamento da obesidade veio ocupar uma lacuna deixada pela proibição, em 2011, da venda e comercialização dos chamados anorexígenos, mais precisamente as substâncias anfrepramona, femproporex e mazindol.  

No dia 4 de outubro daquele ano, reunião da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu pela proibição de tais remédios, ao mesmo tempo em que manteve no mercado a sibutramina, que passou a ser vendida com maior rigor.

Desde então, os profissionais de saúde, empresas detentoras de registro e farmácias e drogarias são obrigados a notificarem o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária sobre casos de efeitos adversos relacionados ao uso de medicamentos que contém a substância.

Além disso, no momento da prescrição, os profissionais de saúde e pacientes devem assinar um termo de responsabilidade. No termo estão os casos em que o uso desse medicamento é contraindicado e os riscos aos quais os pacientes que utilizarão medicamentos a base de sibutramina estarão submetidos. 

O termo de responsabilidade será preenchido em três vias. Uma via ficará arquivada no prontuário do paciente, uma via será arquivada na farmácia ou drogaria dispensadora  e a outra ficará mantida com o paciente.

Na época, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia se posicionou contra a proibição dos anorexígenos.

Apenas a anfepramona é vendida nos Estados Unidos, mas está proibida na Europa. O mazindol foi suspenso nos EUA e na Europa em 1999. O femproporex jamais foi autorizado nos EUA e terminou banido na Europa em 1999.

Efeitos colaterais

As medidas foram resultado de um intenso debate gerado em torno do tema, diante dos efeitos colaterais causados por tais medicamentos, que têm ação direta no Sistema Nervoso Central e costumam provocar boca seca, tontura, nervosismo, insônia, entre outros sintomas.

Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei permitindo a volta desses produtos ao mercado, mas não houve adesão da classe médica, que criticou o fato de o Parlamento ignorar uma resolução técnica da Anvisa, e eles praticamente caíram em desuso.

Referência do estudo citado acima

Patrick M O’Neil, Andreas L Birkenfeld, Barbara McGowan, Ofri Mosenzon, Sue D Pedersen, Sean Wharton, Charlotte Giwercman Carson, Cecilie Heerdegen Jepsen, Maria Kabisch, John P H Wilding. Efficacy and safety of semaglutide compared with liraglutide and placebo for weight loss in patients with obesity: a randomised, double-blind, placebo and active controlled, dose-ranging, phase 2 trial. The Lancet. 392 Issue 10148 (August 2018): 637-649. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31773-2.

Fonte: diabetes in control, 20/10/2018.

Autor: Angela Reyes, Pharm.D. Candidato, Faculdade de Farmácia LECOM.

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