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Traumas na infância podem afetar o cérebro, elevar o cortisol e aumentar o risco de doenças crônicas; o que se deve fazer?

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Crédito: Freepik Premium

Nem toda cicatriz pode ser vista. Um estudo brasileiro publicado na revista Psychological Medicine, da Universidade de Cambridge, mostra que traumas vividos na infância — como negligência, violência ou abuso — podem deixar marcas profundas no cérebro, impactando o bem-estar emocional e até mesmo a saúde física ao longo da vida. O estudo foi publicado pela agência Fapesp.

A pesquisa, realizada com 795 crianças e adolescentes brasileiros, revelou que o hipocampo, uma região cerebral essencial para a memória, o aprendizado e a regulação das emoções, pode sofrer alterações estruturais duradouras quando a criança é exposta a maus-tratos. Segundo os cientistas, a redução do volume do hipocampo direito foi observada mesmo anos depois, independentemente de melhora clínica ou emocional.

“Percebemos que os maus-tratos infantis desencadeiam alterações significativas no hipocampo direito, que permanecem consistentes ao longo do tempo”, explica a psiquiatra Victoria Doretto, pesquisadora da USP e autora principal do estudo.

Essas mudanças cerebrais ajudam a entender por que o trauma na infância está associado a maior risco de depressão, ansiedade, dificuldades cognitivas e até doenças físicas crônicas — como hipertensão e problemas cardiovasculares — que têm ligação conhecida com o estresse tóxico.

Além dos exames de imagem, os pesquisadores analisaram relatos das próprias crianças e de seus responsáveis para identificar a exposição ao trauma. Os resultados indicam que quanto maior a intensidade e a frequência dos maus-tratos, maior o impacto no cérebro.

Diversos estudos já demonstraram que o estresse crônico na infância altera a produção de hormônios como o cortisol, que regula a resposta ao estresse. Quando em excesso, esse hormônio pode prejudicar o funcionamento do sistema imunológico, aumentar a pressão arterial, provocar inflamações constantes e desregular o metabolismo. Com o tempo, esses efeitos se acumulam e aumentam o risco de doenças como diabetes tipo 2, obesidade, doenças cardíacas e até alterações hormonais na vida adulta.

Outro ponto importante é que o trauma infantil está frequentemente associado a comportamentos de risco, como tabagismo, uso abusivo de álcool, má alimentação e sedentarismo — todos conhecidos fatores para o desenvolvimento de doenças crônicas. Isso mostra que cuidar da saúde emocional de uma criança não é apenas uma questão de bem-estar mental, mas também uma estratégia preventiva poderosa para evitar problemas físicos sérios no futuro.

O estudo faz parte da Coorte Brasileira de Alto Risco para Transtornos Mentais (BHRC), ligada ao Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), sediado na Faculdade de Medicina da USP, com apoio da FAPESP e do Banco Industrial do Brasil.

Mais do que um alerta científico, os achados reforçam a urgência de políticas públicas que protejam crianças da violência e ampliem o acesso à saúde mental desde cedo. Intervenções precoces e ambientes seguros são fundamentais para evitar que o trauma se transforme em um fardo invisível carregado por toda a vida.

Leia o artigo completo em https://doi.org/10.1017/S0033291724001636

Como identificar e tratar os efeitos do trauma infantil

🔍 Fique atento aos sinais

•           Mudanças bruscas de comportamento

•           Dificuldade de concentração ou queda no desempenho escolar

•           Distúrbios do sono ou da alimentação

•           Isolamento, agressividade ou medo excessivo

💬 Procure escutar sem julgar
Acolher e criar um ambiente seguro e amoroso é essencial para que a criança se sinta protegida e possa falar sobre o que está vivendo ou sentindo.

🧠 Busque apoio profissional
O acompanhamento psicológico ou psiquiátrico é fundamental. Terapias baseadas em evidências, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e terapias focadas em trauma, ajudam a reprocessar emoções difíceis e construir resiliência.

🏥 Onde buscar ajuda

•           CAPS Infantojuvenis (Centros de Atenção Psicossocial)

•           Ambulatórios de saúde mental em hospitais universitários

•           CRAS/CREAS e Conselhos Tutelares para situações de risco social

•           Psicólogos e psiquiatras com formação em infância e adolescência

🎯 Prevenir é cuidar desde cedo
Fortalecer os vínculos familiares, garantir acesso à educação e promover a escuta ativa nas escolas são medidas essenciais de prevenção.

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