Sim, é isso mesmo. Meditar apenas uma vez, por 20 minutos, já contribui para que nosso cérebro tenha um melhor discernimento e reconhecimento de erros. É o que mostra pesquisa realizada pela Michigan State University, publicada na revista científica Brain Sciences.
Foram feitos testes em voluntários com a meditação modalidade “monitoramento aberto”, que focaliza a consciência em sentimentos, pensamentos ou sensações conforme eles se desenvolvem na mente e no corpo.
Jeff Lin, doutorando em psicologia da MSU e co-autor do estudo junto com William Eckerle, Ling Peng e Jason Moser, conta que foram recrutados mais de 200 participantes para testar como a meditação de monitoramento aberto afetava a maneira como as pessoas detectavam e respondiam aos erros.
Os participantes, que nunca haviam meditado antes, foram levados a um exercício de meditação de 20 minutos, enquanto os pesquisadores mediam a atividade cerebral por meio de eletroencefalografia ou EEG. Em seguida, eles completaram um teste de distração computadorizado.
“O EEG pode medir a atividade cerebral no nível de milissegundos, então temos medidas precisas da atividade neural logo após os erros em comparação com as respostas corretas”, disse Lin.
“Um certo sinal neural ocorre cerca de meio segundo depois de um erro chamado positividade do erro, que está ligado ao reconhecimento consciente do erro. Descobrimos que a força desse sinal é aumentada nos meditadores em relação aos controles.”
Embora os que meditaram não tenham obtido melhorias imediatas no desempenho real da tarefa, as descobertas dos pesquisadores oferecem uma janela promissora para o potencial da meditação sustentada.
“Essas descobertas são uma forte demonstração do que apenas 20 minutos de meditação podem fazer para aumentar a capacidade do cérebro de detectar e prestar atenção aos erros”, disse Moser. “Isso nos faz sentir mais confiantes no que a meditação da atenção plena pode realmente ser capaz de realizar e funcionar diariamente bem ali no momento.”
“Mas é incrível para mim que fomos capazes de ver como uma sessão de meditação guiada pode produzir mudanças na atividade cerebral em não meditadores”, empolga-se o doutorando.
Entenda como é a “meditação de monitoramento aberto”
As descobertas sugerem que variadas formas de meditação podem ter diferentes efeitos neurocognitivos. Lin explicou que há pouca pesquisa sobre como a meditação de monitoramento aberto afeta o reconhecimento de erros.
“Algumas formas de meditação fazem com que você se concentre em um único objeto, normalmente sua respiração, mas a meditação de monitoramento aberto é um pouco diferente”, disse Lin.
“Isso faz com que você se sintonize internamente e preste atenção a tudo o que está acontecendo em sua mente e corpo. O objetivo é sentar-se calmamente e prestar muita atenção para onde a mente viaja, sem ficar muito preso ao cenário.”
Embora a meditação e a atenção plena tenham ganhado grande interesse nos últimos anos, Lin está entre um grupo relativamente pequeno de pesquisadores que adotam uma abordagem neurocientífica para avaliar seus efeitos psicológicos e de desempenho.
Olhando para o futuro, Lin disse que a próxima fase da pesquisa será incluir um grupo mais amplo de participantes, testar diferentes formas de meditação e determinar se as mudanças na atividade cerebral podem se traduzir em mudanças comportamentais com a prática de mais longo prazo.
“É ótimo ver o entusiasmo do público por mindfulness, mas ainda há muito trabalho de uma perspectiva científica a ser feito para entender os benefícios que pode ter e, igualmente importante, como realmente funciona”, disse Lin. “É hora de começarmos a olhar para isso por meio de lentes mais rigorosas.”
Referências bibliográficas
Materiais fornecidos pela Michigan State University
Referência do jornal:Lin, Eckerle, Peng, Moser. On Variation in Mindfulness Training: A Multimodal Study of Brief Open Monitoring Meditation on Error Monitoring. Brain Sciences, 2019; 9 (9): 226 DOI: 10.3390 / brainsci9090226
