
Dietas sem glúten se tornaram extremamente populares nos últimos anos, muitas vezes adotadas por pessoas que acreditam estar fazendo uma escolha mais saudável. No entanto, um estudo publicado na revista Plant Foods for Human Nutrition comparou 39 alimentos com e sem glúten e revelou resultados surpreendentes: alimentos “gluten free” tendem a conter menos fibras, proteínas e nutrientes essenciais, além de apresentarem teores mais altos de açúcar. Esses fatores podem estar relacionados a um maior índice de massa corporal (IMC) e deficiências nutricionais.
Apesar da popularidade crescente – com o mercado global de alimentos sem glúten projetado para atingir US$ 14 bilhões até 2032 –, a retirada do glúten da dieta sem necessidade médica comprovada pode causar mais prejuízos do que benefícios. Isso inclui aumento no custo da alimentação, maior ingestão de produtos ultraprocessados e carência de nutrientes como ferro, folato, fibras e vitaminas do complexo B.
O glúten é uma proteína presente no trigo, cevada e centeio. Está em alimentos como pães, massas, biscoitos e cereais. Algumas pessoas, no entanto, apresentam reações adversas à substância — e é aí que entram duas condições frequentemente confundidas: doença celíaca e intolerância ao glúten.
Se você apresenta sintomas gastrointestinais ou outros sinais suspeitos após consumir glúten, o ideal é buscar orientação médica antes de modificar sua alimentação. O autodiagnóstico pode mascarar doenças mais sérias e dificultar o tratamento adequado.
Doença celíaca: uma condição autoimune
A doença celíaca é uma doença autoimune grave em que o sistema imunológico ataca o intestino delgado após a ingestão de glúten, danificando as vilosidades intestinais — estruturas que absorvem nutrientes. Estima-se que 1 em cada 70 australianos tenha a condição, embora apenas 20% sejam diagnosticados corretamente.
Se não tratada, a doença pode levar à desnutrição, osteoporose, problemas neurológicos (como epilepsia e demência) e até infertilidade. Os sintomas incluem:
- Diarreia, dor abdominal, náusea, gases
- Dores de cabeça, fadiga, erupções cutâneas (dermatite herpetiforme)
- Confusão mental e dores nas articulações
Basta 50 mg de glúten por dia – o equivalente a 1/100 de uma fatia de pão integral (que contém cerca de 4.800 mg) – para causar danos intestinais severos. Por isso, pessoas com doença celíaca precisam seguir uma dieta 100% livre de glúten pelo resto da vida, inclusive evitando contaminação cruzada.
Intolerância ao glúten: sintomas, mas sem dano intestinal
Já a intolerância ao glúten, também chamada de sensibilidade ao glúten não celíaca, apresenta sintomas semelhantes à doença celíaca, como inchaço, dores abdominais, fadiga e dores de cabeça. No entanto, não há resposta autoimune nem lesão intestinal.
Estima-se que cerca de 1% da população australiana tenha intolerância ao glúten, mas apenas 12 em cada 100 recebem diagnóstico médico. O processo de diagnóstico envolve excluir a doença celíaca e alergias ao trigo antes de adotar uma dieta sem glúten, preferencialmente sob orientação de um nutricionista.
O diagnóstico definitivo é complexo e envolve testes alimentares controlados com placebo por até oito semanas — algo raro na prática clínica. Por isso, muitas pessoas acabam retirando o glúten por conta própria, sem confirmação.
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