A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso da primeira medicação injetável de aplicação semanal para tratar a obesidade do Brasil. O princípio ativo da injeção é a semaglutida. Substância semelhante ao hormônio GLP-1, que produzimos naturalmente no intestino, ela indica para o sistema nervoso a sensação de saciedade. O médico endocrinologista Pedro Leão destacou à Agência Brasil que a substância gera uma série de efeitos que auxiliam no emagrecimento.
Criado em princípio para o combate à diabetes tipo 2, o tratamento com semaglutida para combate ao sobrepeso já havia sido aprovado em países como Estados Unidos e Canadá após pesquisa feita pelo laboratório que produz a medicação, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk. Os estudos mostraram que o medicamento promoveu uma redução média de 17% do peso corporal.
De acordo com informações publicadas no jornal “O Estado de S. Paulo”, no Brasil, a Novo Nordisk solicitou no fim de 2021 o uso da caneta à Anvisa para tratar a obesidade. Após passar por análise, o pedido foi aprovado pela agência reguladora, mas ainda não há previsão de quando irá chegar ao Brasil ou quanto irá custar. O medicamento é indicado para pessoas com sobrepeso (com IMC maior que 27) e com algum tipo de comorbidade e pessoas com obesidade (com IMC superior a 30).
O medicamento passará agora por uma formulação de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos. Segue depois para os demais trâmites de importação e logística para somente após isso chegar às farmácias, o que pode atingir o segundo semestre. A fabricante não estimou uma data para lançamento ou preço do produto no país.
Canetas emagrecedoras Wegovy
Apesar dos benefícios para a perda de peso, o endocrinologista Pedro Leão alerta que um profissional de confiança deve ser procurado para indicar ou não o tratamento. Hoje, a semaglutida é vendida no Brasil sob o nome comercial de Ozempic®, na forma de injeções subcutâneas semanais, ou Rybelsus®, na forma de comprimidos para administração diária, porém, apenas para o combate à diabetes. Nos EUA, é vendida para o controle do peso sob o nome de Wegovy®.
No Brasil, a indicação do Ozempic contra obesidade tem sido, até então, “off label”, ou seja, os médicos reconhecem um benefício não previsto na bula e indicam uso porque o medicamento é seguro. Apesar de positiva a aprovação do uso contra a obesidade, o medicamento é caro e provavelmente demorará a chegar a maior parte da população, principalmente para aqueles que dependem do SUS. Cada injeção de Ozempic custa hoje, em média, entre R$ 700 e R$ 1.000. Na forma já para o controle do peso ainda não há previsão de preço.
Quando combinada a uma alimentação regrada e ao aumento da atividade física, a dosagem semanal de 2,4 mg de semaglutida propiciou, segundo os estudos, uma perda média de peso de 15,2%, ante 2,6% no grupo placebo – a dosagem usada para o tratamento da obesidade é quase o dobro dos 1,3 mg usados para tratar o diabete tipo 2.
Único tratamento para obesidade até então no Brasil foi aprovado em 2020 e é à base de liraglutida, comercializada com o nome de Saxenda. Também agonista do receptor de GLP-1, a caneta de liraglutida, também desenvolvida pela Novo Nordisk, já está aprovada pela Anvisa desde 2016 para tratamento da obesidade. Diferentemente da semaglutida, no entanto, ela é de aplicação diária.
