Três minutos por dia de atividades diárias vigorosas estão associados a um risco 40% menor de morte prematura em adultos, mesmo quando eles não se exercitam regularmente. É isso o que aponta um estudo desenvolvido pelo Centro Charles Perkins da Universidade de Sydney, na Austrália, e liderado pelo professor de atividade física e estudos de saúde Emmanuel Stamatakis.
E não, não é necessário que seja um treino programado ou relacionado a algum esporte específico. De acordo com informações de reportagem do jornal norte-americano “The Washington Post”, práticas do dia a dia com um toque extra de vigor já dariam conta deste recado: uma corrida mais acentuada para não perder o ônibus, uma arrumação de casa incrementada com um movimento maior de dança, por exemplo, uma brincadeira mais agitada com as crianças e a famigerada subida de escadas, mas desta vez, mais apressadinha.
Partindo do pressuposto de que “a maioria das pessoas é alérgica à palavra ‘exercício’”, como brincou em entrevista ao “Post”, Stamatakis e equipe resolveram avaliar qual seria a eficácia das atividades sem exercício – as tarefas e movimentos frequentes que realizamos no dia a dia. E se perguntaram: e se essas atividades fossem concluídas mais rapidamente, com mais dificuldade, com mais vigor?
Para chegar a uma conclusão para a hipótese levantada, os cientistas analisaram, em detalhes minuciosos, as atividades diárias de cerca de 25.241 pessoas, de ambos os sexos e com idades entre 40 e 69 anos. Elas integram o UK Biobank, que inclui registros de saúde de centenas de milhares de homens e mulheres britânicos. Detalhe: todos informaram aos pesquisadores que nunca se exercitavam.
A maioria dos participantes usou um acelerômetro por uma semana após ingressar no Biobank para rastrear seus movimentos diários. Conclusão: homens e mulheres que praticavam em média 4,4 minutos por dia da chamada “atividade física de estilo de vida intermitente vigoroso”, ou VILPA, tinham cerca de até 40% de redução na mortalidade por todas as causas, e até 49% de redução na morte relacionada a doenças cardiovasculares se comparado aos que raramente se movimentavam rapidamente. A pesquisa aconteceu ao longo de sete anos.
De acordo com publicação na revista científica “Nature”, quando as pessoas conseguiam pelo menos três “surtos físicos” separados de movimento durante um dia, cada um durando apenas um minuto, seu risco de mortalidade caía 40%, em comparação com pessoas que nunca se apressaram. Eles não se exercitavam, apenas aumentavam o ritmo de algo que estavam fazendo, pelo menos três vezes ao dia. E quanto mais, melhor – até onze atividades por dia foi associada a uma redução de 65% de mortes cardiovasculares e redução de 49% em mortes relacionadas ao câncer.
De acordo com Emmanuel Stamatakis, “aumentar a intensidade das atividades diárias não requer comprometimento de tempo, preparação, filiação a clubes ou habilidades especiais. Trata-se simplesmente de aumentar o ritmo da caminhada ou fazer as atividades domésticas com um pouco mais de energia”, afirmou.
Para isso, o cientista indicou mover-se com força e rapidez o suficiente até sentir um cansaço tal que até uma simples conversa pareça impossível. Tentar atingir esse nível de falta de ar de três a quatro vezes ao dia, por um minuto ou dois, de preferência enquanto estiver fazendo algo que precise fazer de qualquer maneira.
Stamatakis alerta, no entanto, que os os estudos são apenas observacionais. Por ser associativa, a pesquisa mostra apenas uma relação entre os “surtos físicos” e a expectativa de vida, mas não informa porque a intensidade conta, embora outras pesquisas já apontem que exercícios extenuantes melhoram a resistência e a saúde cardiovascular mais do que exercícios mais leves.
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